O temor do
Senhor como fundamento para a dignidade da criança
Contraste entre uma visão da criança do rei e do
súdito
“E levantou-se um novo rei sobre o Egito, que
não conhecera a José; O qual disse ao seu povo: Eis que o povo dos filhos de
Israel é muito, e mais poderoso do que nós.
Eia, usemos de sabedoria para com eles, para que não se multipliquem, e aconteça que, vindo guerra, eles também se ajuntem com os nossos inimigos, e pelejem contra nós, e subam da terra. E puseram sobre eles maiorais de tributos, para os afligirem com suas cargas. Porque edificaram a Faraó cidades-armazéns, Pitom e Ramessés. Mas quanto mais os afligiam, tanto mais se multiplicavam, e tanto mais cresciam; de maneira que se enfadavam por causa dos filhos de Israel. E os egípcios faziam servir os filhos de Israel com dureza; Assim que lhes fizeram amargar a vida com dura servidão, em barro e em tijolos, e com todo o trabalho no campo; com todo o seu serviço, em que os obrigavam com dureza.
E o rei do Egito falou às parteiras das hebreias (das quais o nome de uma era Sifrá, e o da outra Puá), e disse: Quando ajudardes a dar à luz às hebreias, e as virdes sobre os assentos, se for filho, matai-o; mas se for filha, então viva. As parteiras, porém, temeram a Deus e não fizeram como o rei do Egito lhes dissera, antes conservavam os meninos com vida. Então o rei do Egito chamou as parteiras e disse-lhes: Por que fizestes isto, deixando os meninos com vida? E as parteiras disseram a Faraó: É que as mulheres hebreias não são como as egípcias; porque são vivas, e já têm dado à luz antes que a parteira venha a elas.
Portanto Deus fez bem às parteiras. E o povo se aumentou, e se fortaleceu muito. E aconteceu que, como as parteiras temeram a Deus, ele estabeleceu-lhes casas. Então ordenou Faraó a todo o seu povo, dizendo: A todos os filhos que nascerem lançareis no rio, mas a todas as filhas guardareis com vida”. Êxodo 1:8-22
Eia, usemos de sabedoria para com eles, para que não se multipliquem, e aconteça que, vindo guerra, eles também se ajuntem com os nossos inimigos, e pelejem contra nós, e subam da terra. E puseram sobre eles maiorais de tributos, para os afligirem com suas cargas. Porque edificaram a Faraó cidades-armazéns, Pitom e Ramessés. Mas quanto mais os afligiam, tanto mais se multiplicavam, e tanto mais cresciam; de maneira que se enfadavam por causa dos filhos de Israel. E os egípcios faziam servir os filhos de Israel com dureza; Assim que lhes fizeram amargar a vida com dura servidão, em barro e em tijolos, e com todo o trabalho no campo; com todo o seu serviço, em que os obrigavam com dureza.
E o rei do Egito falou às parteiras das hebreias (das quais o nome de uma era Sifrá, e o da outra Puá), e disse: Quando ajudardes a dar à luz às hebreias, e as virdes sobre os assentos, se for filho, matai-o; mas se for filha, então viva. As parteiras, porém, temeram a Deus e não fizeram como o rei do Egito lhes dissera, antes conservavam os meninos com vida. Então o rei do Egito chamou as parteiras e disse-lhes: Por que fizestes isto, deixando os meninos com vida? E as parteiras disseram a Faraó: É que as mulheres hebreias não são como as egípcias; porque são vivas, e já têm dado à luz antes que a parteira venha a elas.
Portanto Deus fez bem às parteiras. E o povo se aumentou, e se fortaleceu muito. E aconteceu que, como as parteiras temeram a Deus, ele estabeleceu-lhes casas. Então ordenou Faraó a todo o seu povo, dizendo: A todos os filhos que nascerem lançareis no rio, mas a todas as filhas guardareis com vida”. Êxodo 1:8-22
No texto acima podemos perceber que enquanto
o Faraó possuía uma visão rebaixada de valor para com as crianças e
preocupava-se apenas com seus próprios interesses, os seus súditos, neste caso,
as parteiras egípcias, por temerem a Deus não matavam as crianças hebreias, mas
poupava-as e deixava-as com vida. Elas tinham uma visão mais elevada das
crianças que o faraó e por isto foram abençoadas.
Para o “imponente e importante” faraó
não fazia a menor diferença assassinar aqueles pequeninos desta forma ou mesmo,
no seu segundo decreto, ainda mais terrível, de lança-las nas águas do Nilo.
Para ele, certamente os via apenas como animais, como mais uma praga qualquer
que poderia ser eliminada desta forma. Esta visão rebaixada da importância da
vida humana e da dignidade inerente a ela, tem produzido ao longo da história
as maiores atrocidades que o homem seja capaz de fazer.
Por outro lado, as parteiras1,
na sua simplicidade, possuíam uma visão bem mais elevada da criança, pois foram
incapazes de cometerem o desatino proposto pela autoridade, mesmo correndo o
risco de perderem a sua vida, pois contrariaram as intenções do rei. Para estas
mulheres estas crianças não passavam de filhos de escravos, filhos de outro
povo e que aos olhos dos seus governantes, despontavam como uma futura ameaça
aos interesses econômicos da sua nação. Mesmo diante de toda esta condição
desfavorável aquelas crianças indefesas e filhos de escravos, estas parteiras
viram dignidade em suas vidas e as pouparam.
O texto afirma categoricamente o motivo desta escolha e da atitude
tomada por elas. Elas temiam a Deus! O temor a Deus humaniza e promove a vida.
Somente o temor a Deus leva o homem a suplantar as suas conveniências egoístas
para valorizar a vida e a dignidade humana independente de sua condição social
ou econômica.
Toda a sociedade que deliberadamente
escolhe o afastamento de Deus, escolherá também comer o fruto do desvalor para
com a vida humana. Quanto mais descristianizada for uma sociedade, mais rude e
atroz ela será, pois a essência da dignidade humana reside no temor a Deus.
[ ... ] Os seus pés
são ligeiros para derramar sangue. [ ...
] Não há temor de Deus diante de seus olhos. Romanos 3:8-18
Uma visão elevada acerca das crianças
começa com o temor a Deus. Uma sociedade que não teme a Deus será capaz de
fazer qualquer atrocidade com suas crianças, bastando apenas para isto ver
ameaçado qualquer um dos seus desejos egoístas. Somente o temor a Deus é a
garantia de atenção e respeito à dignidade inerente a criança apesar da sua
fragilidade. E, para aqueles que assim procederem, poderá sempre contar com um
Deus pronto a deliberar o seu favor e bênção.
[...] portanto, Deus fez bem as parteiras.
O
interessante é pensar que uma destas crianças preservadas foi possivelmente o
próprio Moisés que veio a ser no futuro o grande líder usado por Deus para
libertar todo o seu povo do regime de escravidão egípcio e o reconduzindo para
a sua terra de herança como um povo livre e uma nação. Com este fato, podemos
concluir que estas parteiras egípcias ingressaram num time dos grandes heróis
da fé e que passaram a tomar parte da grande história de redenção da
humanidade.
Voltando ao
pensamento principal sobre o temor a Deus e sua influência numa cultura,
percebemos que: Quanto mais uma cultura se descristianiza, mais o homem é
desumanizado ou mais desumanizado o homem se torna, pois Cristo é a expressão
máxima da humanidade mais "humana", se assim podemos dizer.
Em Cristo o
Criador manifestou de forma límpida e cristalina o paradigma de homem
idealizado por Ele para a humanidade. Assim, quanto mais nos afastarmos deste
referencial, a nossa visão se embota e mais torpe se torna, dirigindo o leme
das nossas escolhas apenas orientado pela vontade e pelos desejos egoístas.
Resta-nos o desafio de, como
educadores cristãos, rejeitarmos determinadas ordens dos “faraós de dia” com os
seus decretos de morte à candura da infância, morte a dignidade da criança, expondo-as
desde cedo a toda prática indecorosa e tantos outros decretos travestidos de um
discurso científico e sociológico para nos portarmos de forma semelhante a
estas parteiras1 egípcias por temor a Deus. Será que teremos
coragem? Estamos dispostos a correr o risco? Aqui convém lembrar a promessa
expressa também no texto que Deus se colocará em favor daqueles que se
levantarem para esta luta. Qual tem sido
a nossa visão para com as nossas crianças? Elevada, que contempla dignidade e
valor em cada uma delas ou rebaixada, que não vê nenhum problema em destruí-las,
desde que seja “cientificamente comprovada” esta necessidade?
Por Rubens Cartaxo
1. A palavra 'ensinar’ em hebraico hanakh como em Provérbios 22:6 significa iniciar; disciplinar; dedicar; treinar. O cognato hebraico hekh significa palato ou órgão da boca vital à fala. Esta palavra hebraica é uma figura de uma parteira que, imediatamente após o parto, pega os seus dois dedos e limpa o muco da boca da criança recém-nascida para permiti-la respirar o oxigênio sozinha - a parteira é alguém que a inicia em um ambiente para vida. Este é o conceito judeu de “ensinar uma criança” ou educar uma criança. [Manual do professor AMO, 2010]
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